depressão infantil

Depressão Infantil – Como identificar e tratar?

Por Suzanne Romão e Carol Sancio

A palavra depressão é usada com bastante frequência pelas pessoas, que muitas vezes a associam como sinônimo de tristeza. Sentir-se triste e desanimado de vez em quando é natural, porém a depressão vai muito além dessa tristeza momentânea e justificada. Trata-se de uma doença grave, que interfere diretamente no dia a dia das pessoas e compromete a qualidade de vida.

É uma alteração de humor caracterizada por uma tristeza profunda, prolongada e associada a sentimentos de desesperança, angústia, amargura, dor, culpa, entre outros. Se não for tratada adequadamente, a depressão pode causar prejuízos graves ao paciente, podendo inclusive levar ao suicídio.

Engana-se quem pensa que essa é uma doença que atinge somente os adultos. A depressão infantil existe e tem sido bastante estudada ultimamente e causado grande preocupação nos psicólogos e psiquiatras do mundo inteiro.

A preocupação com a depressão infantil é bastante recente. Até a década de 70 acreditava-se que nas crianças, a doença era rara e até mesmo inexistente. O Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA só reconheceu sua existência no ano de 1975 e desde então o interesse sobre esse assunto tem sido crescente. Estima-se hoje que a depressão acomete cerca de 2% das crianças e 5% de adolescentes no mundo, trazendo como consequência danos psico-sociais significativos.

A doença nas crianças pode ser desencadeada por experiências difíceis vividas por ela, como separação dos pais, mudança de escola, perdas, luto, entre outros. É importante observar que há fatores genéticos, hereditários, que também são grandes responsáveis pelo desencadeamento de quadros depressivos. Portanto, se há casos de depressão na família, é preciso redobrar a atenção.

Confundida muitas vezes com preguiça ou “chilique”, a depressão nem sempre é fácil de ser diagnosticada e nas crianças então, esse diagnóstico é ainda mais difícil. Os pequenos ainda não sabem identificar e nomear as próprias emoções e por isso as manifestações clínicas são normalmente representadas pelos sintomas físicos como dores de cabeça e abdominais, fadiga e tontura.

Em alguns casos a depressão infantil pode ser mascarada por atitudes da criança que são consideradas como atitudes “boas”, por exemplo, crianças muito quietinhas e obedientes podem estar funcionando num estado depressivo. Assim, alguns aspectos do comportamento das crianças também ajudam a sinalizar que algo não vai bem com ela.

As crianças geralmente estão sempre em atividade, correndo, brincando e explorando o ambiente.  Por isso, o desaparecimento desse desejo de exploração, aliado a sintomas como ansiedade, medo de separação dos pais, irritabilidade, hiperatividade, diminuição do apetite, isolamento social e alteração do sono, sinalizam que essa criança precisa da atenção e avaliação de um profissional.

As crianças que já frequentam a escola (entre 7 e 12 anos, mais ou menos), já conseguem verbalizar o humor depressivo, que é comumente interpretado como tristeza, irritabilidade e tédio.  Choro fácil, apatia, declínio escolar e desejo de morrer também estão presentes nos quadros depressivos.  É comum a criança não ter amigos, dizer que os colegas não gostam dela ou apresentar um apego excessivo ou exclusivo com um animal.

Já em crianças na fase pré-verbal, a expressão facial, postura corporal, choro frequente, recusa de alimentos e apatia devem ser observados com atenção.

Muitos autores afirmam que na fase pré-escolar (até 6 anos de idade) não há ideação suicida, porém, há quem defenda que comportamentos autodestrutivos como bater a cabeça com força e repetidamente, morder-se e engolir objetos perigosos podem ser um equivalente suicida em crianças que ainda não são capazes de verbalizar as próprias emoções.  No entanto, é importante observar que a ideação suicida nessa faixa etária é considerada rara, podendo acontecer em casos especiais.

Enfim, a depressão interfere diretamente no desenvolvimento das crianças e a repercussão da doença é muito séria. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são muito importantes. O tratamento em questão envolve psicoterapia, orientação familiar e quando necessário, uso de medicação. Estejam atentos ao comportamento dos seus filhos e em caso de suspeitas, procure imediatamente um profissional para que seja feito o diagnóstico e o estabelecimento de um plano de tratamento adequado. Depressão é coisa séria e precisa ser tratada como tal.

O Núcleo Narravidas de Psicologia tem uma linha de atendimento dedicada a crianças e seus desafios até chegarem a fase adulta.

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